quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 14.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 14

LITERATURA FRANCESA

(Continuação do post anterior)

Alfred de Vigny escreveu poemas morais-filisóficos-simbólicos. Transparece em Vigny o espírito épico-dramático envolto pelo misticismo pessimista e estóico de alguém desesperado pela solidão que não se resolve pela rebeldia mas pela resignação e pelo amor.

A geração romana seguinte é bem representada por Honoré de Balzac (1799-1850), Sthendhal (1783-1842) e George Sand (1804-1875) e poetas significativos são Gérard de Nerval (1808-1855), Alfred de Musset (1810-1857) e Théophile Gautier (1811-1872).

Honoré de Balzac é o escritor que observa os costumes, analisa os tipos humanos e os localiza fatalmente num quadro metafísico trágico. Sua primeira obra é publicada em 1829, “Choans”; a partir deste primeiro romance produz uma imensa quantidade de obras, nas quais aprimora suas qualidades de estilo, tornando-o literalmente enérgico até que atinge o ponto máximo de criação com “La Peau de Chagrin”, “Le Medicin de Campagne”, “La Recherce de l'Absolu” e, sobretudo,”Eugénie Grandet” e “Pére Goriot”. Englobados seus romances sob o título ”La Comédie Humaine” e classificados em estudos de costumes, estudos filosóficos e estudos analíticos, Balzac elabora um universo literalmente composto que apresenta uma gigantesca visão da sociedade francesa de sua época.

Henri Marie Beyle, literalmente conhecido como Stendhal, é romântico ao retirar a matéria-prima de seus romances da própria existência pessoal e realista pela análise de caracteres, pelo culto à realidade revelada através do acúmulo de minúcias, e pela apresentação do processo psicológico desde a concepção de um ato até sua concretização, Stendhal tem como romances principais: “Le Rouge et le Noir”, “La Chartreuse de Parme” e “Lucien Lauwen”.

George Sand, pseudônimo literário de Aurore Dupin, tem sua obra classificada sob três fases sucessivas: romances de inspiração romântica, romances humanitários e romances campestres. George Sand é a primeira escritora a apresentar as reivindicações feministas e o tema do amor livremente realizado contra os preconceitos sociais e as convenções da moral tradicional.Seus primeiros romances – “Indiana”, “Valentine”, “Lélia” e “Lettres d'un Voyageur” – representam bem a literatura de confidências românticas. A partir de 1836 dedica-se à atividade política e adota ideais humanitário-socialistas, época em que escreve os romances “Mauprat”, “Compagnon du Tour de France”, “Le Meunier d'Angibault” e “Le Péché de Monsieur Antoine”. Finalmente, Georg Sand atinge a fase de maturidade literária ao escrever os romances de temas campestres, “La Mare au Diable” e “La Petite Fadette”.

Gérad Labrunie, nome real de Gérard de Nerval, é o poeta do sonho e da dramaticidade interior, reveladas seja através de autobiografia “Aurélia”, seja através da rememoração do passado com suas ilusões frustradas, ou ainda, através dos sonetos “Les Chimères” de grande misticismo sentimental.

Louis Charles Alfred de Musset é dramaturgo e poeta do individualismo e da exaltação da inspiração, da imaginação e da sensibilidade. Como dramaturgo, Musset escreveu o drama poético “On ne badine pas avec l'amour”, caracterizado pela complexidade estrutural e na coexistência de elementos cômicos e patéticos resolvida pela supremacia dos últimos sobre os primeiros à medida que o processo dramático é desenvolvido. Como poeta, revela a crença num mal empírico e o expressa através de confidências e da transcrição de estados de alma, sempre fiel a seus versos: “Sachez-le, c'est le coeur qui parle et qui soupire lorsque la main écrit”. Seus célebres poemas são “Les Nuits”. Alfred de Musset escreveu também a quase-autobiografia “Confessions d'un Enfant du Siècle”.

Théophile Gautier, autor de “Émaux et Camées”, é o poeta da apreensão plástica da realidade e do culto da beleza formal. Pertenceu ao Parnasse Contemporain.

Os escritores que se dedicam à história e à crítica durante este final de romantismo preparam as bases teóricas para o advento do naturalismo na literatura. O conceito de história amplia-se abandonando os limites estreitos da politica, diplomacia e genealogia. Há necessidade de destacar Jules Michelet (1789-1874); Hippolyte Taine (1828-1893), que introduz as influências raciais, mesológicas e do momento; na crítica, Saint-Beuve (1804-1869) inaugura o método histórico de julgar a partir do homem e de sua vida e não em função de definições apriorísticas.

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 49/51.

Meus queridos amigos!

Hoje vamos iniciar uma pausa por um breve período, pois a carcaça clama por um pequeno descanso. Aproveitaremos a oportunidade para fazer uma análise sobre os nossos erros e acertos, assim como realizarmos uma arrumação no nosso humilde espaço.

Agradecemos de coração a companhia e o apoio de todos, prometendo, com a graça de “DEUS”, voltarmos em janeiro para dar continuidade ao nosso trabalho, isso, contando com o apoio e a compreensão dos amigos e seguidores, claro.

Desejamos a todos um “Maravilhoso Natal” e um “Ano Novo” repleto de realizações.

“QUE 'DEUS' SEJA LOUVADO”

Literatura e Companhia Ilimitada
Rosemildo Sales Furtado

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 13

LITERATURA FRANCESA

(Continuação do post anterior)

Com Chateaubriand e Mme. De Staël a literatura francesa rompe as perspectivas do mundo clássico descobrindo a Alemanha e sua poesia, a América e sua humanidade diferente; redescobre o passado gótico-medieval e conceitua a beleza independentemente da fixidez formal. Está, portanto, preparado o advento do romantismo literário.

O primeiro decênio do romantismo (de 1820 a 1830) é de intensa atividade literária, seja no campo das traduções, seja no da criação original. Entre os autores estrangeiros que são vertidos ao idioma francês, podem ser destacados: Shakespeare traduzido por Guizot, Byron por Pichot, Schiller por Barante, Manzoni por Fauriel, Wieland por Loeve-Veimars, Goethe por Nodier e também por Nerval, Dante por Deschamps. Quanto às obras românticas do primeiro decênio assinala-se: as primeiras “Méditations” de Lamartine (1790-1869), “Poèmes” por Alfred de Vigny (1797-1863), “Odes” de Victor Hugo (1802-1885), “Théâtre de Clara Gazul” de Mérimée, “Cinq Mars” de Vigny, “La Tableau de la Poésie Française au XVI Siècle” de Saint-Beuve, “Henri III et sa Cour” e “Antony” – todos de Dumas e os primeiros a conhecer a rápida e significativa aclamação popular.

Victor Hugo foi a máxima figura do romantismo francês pelo renome e prestígio alcançado; por sua atividade de romancista, poeta e autor teatral e por ter exercido a atividade literária durante todo o período da tendência que expressava o individualismo e o lirismo com consequente exaltação da sensibilidade e do “eu” num amplo anseio de comunhão com a natureza e a humanidade total. Como o poeta lírico de “Odes” denuncia forte influência de Lamartine e Chateaubriand, como o poeta satírico de “Les Châtiments” destaca-se pela expressão poética enérgica e violenta da crítica de Napoleão III. Como romancista dedica-se ao gênero histórico à Walter Scott e publica “Les Misérables” e “Notre Dame de Paris, nos quais se observa o gosto pronunciado pelo contraste. Em “La legende des Siècles” mescla o moralismo com o pitoresco; em “Notre Dame de Paris” apresenta excelente visão histórica de conjunto. A grande contribuição inicial de Hugo ao romantismo consiste no prefácio que anexa a “Cromwell”: neste prefácio-formulação teórica, afirma que, sendo o grotesco inseparável do sublime na vida real, não deveriam os gêneros trágico e cômico aparecer isoladamente; como consequências decorrem a eliminação das unidades de tempo e de lugar (e, portanto, a conservação da unidade de ação), a substituição da narrativa pela própria ação e a reconstituição fiel da época apresentada. Já no final do primeiro decênio romântico, V Hugo levava aos palcos com sucesso a peça “Hernani”, mas, sua obra-prima viria posteriormente com “Ruy Blas”, drama versificado.

Prosper Mérimée dedicou-se ao romance artístico-histórico. Além de “Théatre de Clara Gazul” – pseudo comediante espanhola que apresenta apenas criação da imaginação do autor –, escreveu “Chronique du temps de Charles IX”, “Colomba” e “Carmen”, nos quais está evidente seu esmero pela construção e a impessoalidade de relato que o aproximam do realismo clássico.

Alexandre Dumas pai, romancista de “Les Trois Mousquetaires” e de “Monte-Cristo”, foi, no entanto, sobretudo, autor teatral. Atesta-o sua peça “Antony” que pode ser considerada obra mais característica do teatro romântico. É notável o sentido que Dumas pai revela da ação e do autenticamente teatral. Foi Dumas o primeiro a introduzir à cena a cor local.

Alphonse de Lamartine é acima de tudo o poeta da ternura e do intimismo. Este idealizador do real, escreve com espontaneidade e sinceridade admiráveis seus poemas centralizados nos temas prediletos da busca do infinito, de amor à natureza, de anseio pela fé, de exaltação ao amor puro, como o demonstram seus poemas: “Le Lac”, “Le Soir”, “Isolement”, “L'Automne” e “Le Vallon”, ou “Ischia” e “Le Crucifix”. Lamartine tentou também o romance histórico com “Histoire des Girondins”.

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 47/49.

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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 12.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 12

LITERATURA FRANCESA

(Continuação do post anterior)

Dentre os romancistas obscurecidos pelo desabrochar do romance no século XIX – Mme. De Tencin (1681-1749). Mle. De Lussan (1682-1758), Mme. De Graffigny (1696-1758, por exemplo – é necessário destacar Bernardin de Saint-Pierre (Jacques Henri-Bernardin de Saint-Pierre – 1737-1814) escreveu “Paul et Virginie” (um dos episódios de “Études de la Nature”) no qual descreve o amor inocente de dois jovens em ambiente idílico. Ampliando os elementos pitorescos de Rousseau romancista, Bernardin de Saint-Pierre anuncia a aproximação do romantismo. Apenas um poeta lírico surge no século XVIII: André Chénier (1762-1794), que reformando a versificação tradicional através de recursos métricos, como a ampliação do enjambement, domina com maestria o ritmo e a melodia. Os poemas de Chénier reintroduzem a sinceridade de emoções na poesia e revelam imensa plasticidade de expressão.


Época revolucionária (1789-1815)

Os grandes pensadores do século XVIII foram expressões de um pensamento progressista que será convertido em atos em 1789, inaugurando um período de reformulação social e política literariamente expressada em lirismo e eloquência. O lirismo da revolução é sobretudo heroico e patético e atinge as grandes massas populacionais. Entronizada a Razão como única deusa eleva-se o anseio de liberdade nas praças públicas ao som da “Marseillaise”, de “Ça ira” ou do “Chant du Départ” e a palavra eloquente é de novo oferecida ao povo em ambientes abertos, como o ilustra Danton.

O movimento de expressão literária dos grandes pensadores do século anterior prossegue apenas reforçado em sua formulação revolucionária. Os estudos históricos e filosóficos encontram transcrição literária com Mirabeau (1749-1791), Robespierre (1759-1794), Danton (1759-1794), Condorcet (1743-1794) e Camille Desmoulins (1760-1794).

A queda de um mundo pelo poder da estabilidade violentamente ocorrida nas estruturas sociais, políticas e morais e o reconhecimento de que não traziam em si qualquer valor absoluto produz escritores cuja temática está centralizada na angustiante solidão do homem, como Chateaubriand (1768-1848), Benjamin Constant (1767-1830) e Mme. De Staël (1766-1817). Benjamin Constant escreveu “De l'Esprit de Conquête” e “De la Religion”, romances que refletem uma ação política positiva, e “Adolphe”, romance psicológico que apresenta os personagens na plenitude de sua complexidade. Mme. de Staël, como é conhecida Anne Louise Germaine Necker, escreveu numerosos panfletos políticos, tem imensa correspondência e livros como “Eloges”; “Réflexions sur la Paix”; “Essais sur les factions”; “Dix Années d'Exil”; “De l'influence des passions sur le bonheur des individus et des nations”; o ótimo ensaio “La Littérature considerée dans ses rapports avec les institutions sociales”; e, como obra-prima, o romance “Corinne” no qual surgem as primeiras reivindicações feministas. Mme de Staël, no entanto, é menos escritora que uma heroína romântica e divulgadora da doutrina romântica da primazia do gênio e da inspiração sobre a tradição e a imitação, bem como na atmosfera de inquietude, melancolia e exaltação lírica. François René, visconde de Chateaubriand, é o grande escritor pré-romântico que, através de suas obras (“Le Génie du Christianisme”; “René”; “Les Martyrs”; “Atala” e, principalmente, “Memoires d'Outre Tombe”, romance autobiográfico de imenso valor), caracteriza-se pela perfeição descritiva, imaginação poética, musicalidade de perfeito equilíbrio como é adequado a prosa, beleza de comunicação literária da realidade plástica, sentimento religioso – todos esse aspectos encontrando expressão graças à harmonia e vivacidade de um estilo profundamente lírico. A obra de Chateaubriand está estruturada em função de valores estritamente pessoais e não coletivos, o que indica o aparecimento do “eu” poético-romântico.

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 46/47.

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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 11.



HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 11

LITERATURA FRANCESA

(Continuação do post anterior)

Denis Diderot foi escritor de grande vivacidade de estilo, capaz de expressar-se em agradável estilo, autêntica conversa graciosa e acalorada. Como romancista é sobretudo o autor de “Le Neveau de Rameau”, romance dialogado no qual mescla realismo e lirismo de maneira a poder receber a classificação de escritor moderno, de “La Religieuse”, romance anticlerical. Para o teatro escreveu “Le Fils Naturel” e “Le Père de Famille” – dramas realistas burgueses do teatro de tese. Por suas ideias subversivas à religião e ao sistema aristocrático num ateísmo consequente e elevado uniu-se ao movimento político-literário do qual resultaria a Revolução Francesa a qual contribuiu com a idealização e colaboração na Enciclopédia. De fato, a Enciclopédia foi a autêntica súmula do racionalismo que fundamentou filosoficamente a vitoriosa ascensão da burguesia. Compreendida em 28 volumes publicados de 1751 a 1772, a Enciclopédia muito contribuiu para a divulgação dos conhecimentos científicos da época, e das ideias-força do progresso e da razão. Os maiores escritores e filósofos da França no século XVIII colaboraram na elaboração da Enciclopédia: Diderot dirigindo-a e colaborando; d'Alembert (1717-1783) redigindo o Discurso Preliminar que apresenta a orientação geral e as doutrinas filosóficas da empresa cultural; Jaucourt (1704-1779) encarregando-se de partes científicas, políticas e religiosas; Holbach (1723-1789) escrevendo as partes de química e mineralogia; Marmontel (1723-1799) responsabilizando-se pelas partes de literatura; Morellet (1727-1819) autor das partes de Teologia e de Metafísica; e muitos outros, como Condillac (1715-1780) e Helvétius (1715-1771). A Enciclopédia alcançou inteiramente seus objetivos ao ter estimulado o desenvolvimento da pesquisa científica e da atitude de livre-exame. Etienne Bonnot de Condillac é também autor de obras, das quais devem ser destacadas: “Traité des sensations” e “Essais sur l'origine des connaissances humaines”; Claude Adrien Helvétius autor de “De l'Eprit”, “Le Bonheur”; “De l'homme, de ses facultés intellectuelles et de son éducation” é o filósofo sensualista que lutou pelo reconhecimento da relatividade moral e pela igualdade de espíritos. Helvétius por sua crítica social e por suas preocupações econômicas é um precursor do socialismo e do materialismo científico de Marx.

Jean-Jacques Rousseau, também um dos enciclopedistas, é o autor de “Émile”, que introduz o princípio da bondade da natureza humana; “Contrat Social”, no qual apresenta a natureza de convenção contratual humana do direito e da moral; Nouvelle Héloise”, em que desenvolve a apologia da vida doméstica e campestre ao mesmo tempo em que prega a reforma dos costumes pelo estabelecimento de uma moral natural; “Conféssions” e sua continuação “Rêveries du promeneur solitaire”, ambos autobiográficos, porém, o segundo com maior potência emotiva; finalmente, a obra “Discours sur l'origine et les fondements de l'inégalité parmi les hommes”.

Romancistas importantes exclusivamente como literatos e pertencentes ao século são: Marivaux (1688-1783), Prévost (1697-1763), Choderlos de Laclos (1741-1803). Pierre carlet de Chamblain de Marivaux tem dois romances principais: “Marianne” e “Le Paysan parvenu”, nos quais apresenta análises psicológicas convencionais, mas, ótima observação dos costumes; a glória de Marivaux procede de suas comédias “Le Jeu de l'Amour et du Hasard”, “Les Legs” e “Les Fausses Confidences” – que pertencem a um teatro de fantasia, de amor terno e profundo e de ação interior. O abade Prévost d'Exiles escreveu uma obra-prima intitulada “Manon Lescault”, que é o tomo VII das Mémoires d'un Homme de qualité”. “Manon Lescault” revela a influência que Prévost recebeu do inglês Richardson; nela observa-se a intensidade de sentimento expresso pateticamente mas sem exageros declamatórios devido a seu estilo simples e direto. Prévost inicia o exotismo literário e em suas personagens já está prefigurado o herói romântico. Pierre Choderlos de Laclos é o autor de “Liaisons dangereuses”, inicialmente intitulado Lettres recueillies dans une societé et publiées pour l'instruction de quelques autres”, notável por seus estudos psicológicos.

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 44/45. 

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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 10.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 10

LITERATURA FRANCESA

(Continuação do post anterior)

Século XVIII

Literalmente considerado, o século do absolutismo francês pode ser definido como o período de lenta transformação do classicismo em neoclassicismo e na quase imperceptível preparação do romantismo. A primeira metade do século assinala o artificialismo aristocrático enquanto a segunda metade presencia a exploração ideológica do sentido inesperado e revolucionário representada por Rousseau.

O classicismo decadentista pode ser representado por Jean B. Rousseau (1670-1741), Le Franc de Pompignam (1709-1784) e, sobretudo, por Ponce-Denis Ecouchard Lebrun (Lebrun-Pindare – 1729-1807) literato desprovido de valor durável e mero versificador prosaico.

Corrente mais literalmente válida encontramos na continuação de Saint-Simon e Voltaire por escritores como Montesquieu (1689-1755), Alain-René Lesage (1668-1747) e Voltaire (1694-1778).

O barão de Montesquieu, cujo nome é Charles Viscondal, distingue-se pela gravidade, eloquência e concisão da linguagem. Em sua primeira obra, o barão de la Brède et Montesquieu sutilmente satiriza o cartesianismo e o Estado absolutista, a Igreja e a literatura da época; este importante livro de estreia chama-se “Lettres Persanes” e foi publicado em 1721. Em seguida, inicia a moderna ciência histórica com “Considérations sur les causes de la grandeur des Romains et leur décadence”. Veio depois sua obra-prima, “Esprit de lois”, na qual procura relações sociologicamente necessárias e com a qual, praticamente, inicia a sociologia moderna. Sua última obra é “Défense de l'esprit des lois” com a qual inscreve-se como precursor do enciclopedismo ao defender e divulgar o sistema constitucional proposto por Locke.

Alain-René Lesage, dramaturgo e romancista, acompanha a empresa de Montesquieu ao escrever “Lettres Persanes” como se estrangeiros satirizassem a sociedade clássica: Lesage escreve “Le Diable Boiteaux” (1707) que é também uma sátira a sociedade clássica vista por um espião ajudado pelo diabo. Satiriza ainda, os romances de análise abstrata que conquistavam a popularidade entre o grande público. Escreveu, além de “Le Diable Boiteaux”, os seguintes romances: “Guzman d'Alfarache”, “Le Bacholier de Salamanque”, “Vie et Aventures de M. de Beauchêne” e sua obra-prima “Gil Blas”. “Gil Blas” é um romance picaresco profundamente humano e que gozou de amplo prestígio em toda Europa chegando a influenciar o grande escritor inglês Fielding.

François Marie Arouet, Voltaire, representam o apogeu do Iluminismo na França, segundo o qual a razão e a experiência concreta são os necessários e únicos instrumentos de que dispõe o homem para o conhecimento e reformulação do mundo e este é regido exclusivamente por leis naturais. Tendo se dedicado a todos os gêneros literários, apresenta como obras principais: no teatro, as tragédias “Mérope” e “Zaire”; na ficção satírica, “L Ingénu” e “Candide”; na história, “Le Siècle de Louis XIV” e “Remarques sur les Moeurs”; na épica, “Henriade”; na crítica, “Remarques sur Les Pensées de M. Pascal”; finalmente, na correspondência familiar, cerca de doze mil e setenta cartas. O racionalista Voltaire combateu, corajosamente com imenso humor, a tirania e a intolerância no campo intelectual, politico e eclesiástico. Suas ideias revolucionárias causaram-lhe uma série de perseguições, tendo inclusive motivado sua prisão na Bastilha e sua fuga para a Inglaterra, mas, sua causa seria vitoriosa na Revolução Francesa. Em sua obra-prima, “Candide”, critica o otimismo de Leibnitz e amplia esta análise satírica à humanidade total através do dr Pangloss. Excelente na concisão de suas frases rápidas e na limpidez e vivacidade de estilo, foi poeta supremo principalmente nas sátiras, nos madrigais e nos epigramas.

Esta corrente de crítica moral, dirigida sobretudo aos costumes e às instituições, alcança seu ponto supremo com Diderot (1713-1784), Rousseau (1712-1778) e Helvétius (1715-1771).

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 42/44. 

Hoje é dia do aniversário do Arte & Emoções!
Dá uma passadinha por lá!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 09.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 09

LITERATURA FRANCESA

(Continuação do post anterior)

Reunidos ao redor do abade de Saint-Cyran, diretor espiritual da abadia de Port-Royal, encontramos alguns do melhores escritores do século, como Racine e Blaise Pascal. A adesão do grupo de Port-Royal ao jansenismo ocorre e influencia os solitários port-royalistas. Jean Racine (1639-1699) adota como doutrina moral a doutrina jansenista segundo a qual as paixões dominam inevitavelmente ao homem por ser este essencialmente fraco. Na análise das situações cotidianas, Racine demonstra o poder superior da paixão amorosa, caracterizada por extrema dramaticidade revelada em múltiplas manifestações. Entre as produções de Racine que melhor apresentam o trágico humano devem ser destacadas: “Andromaque”, Athalie” e “Phèdre”, considerada sua obra-prima. Blaise Pascal (1623-1662), modernamente considerado precursor do existencialismo kierkegardiano, escreveu a coleção de cartas reunidas sob o moderno título de “Provinciales” e a apologia do cristianismo “Penseés”: a primeira pode ser considerada um dos clímax da prosa clássica francesa, a segunda é um dos monumentos literários de toda a literatura de seu país.

Pierre Corneira (1606-1684) é o dramaturgo do homem idealizado pela grandeza e pelo heroísmo expressos em estilo enérgico, embora, às vezes, retórico. Nas situações extraordinárias de suas peças há sempre o combate entre a virtude e uma paixão dominante, normalmente a ambição ou a vingança. Conexione escreveu a comédia “La Menteur” e as tragédias excelentes “Horace”, “Cinna” e “Polyeucte”, que exaltam, respectivamente, o patriotismo, a clemência e o sacrifício a um ideal divino.

O teatro clássico francês apresenta-nos, além de Racine e Corneille, outro excelente autor: Molière. Jean Baptista Poquelin (nome real de Molière) produziu uma série de comédias de todos os tipos, mas sobretudo, as suas quase-criações: comédias de costumes e de caracteres. Seu estilo combina o vigor à naturalidade e seus enredos distinguem-se pelas brilhantes análises do caráter humano. Suas comédias principais são: “Précieuses Ridicules”, “Le Misanthrope”, “Tartuffe”, “L'Avare” e Les Femmes Savantes” (a primeira e a última são comédias de costumes; as demais são comédias de caráter).

Entre os escritores da segunda metade do século XVII citaremos, agora, os seguintes: La Rochefoucauld é o autor de “Reflexions ou Sentences et Maximes”, caracterizadas pela concisão de estilo e pela precisão descritiva; Mme. De La Fayette escreveu o maior romance francês do século XVII, “La Princesse de Clèves”; Jean la Fontaine é o autor das afamadas “Fables”, nas quais analisa os seres humanos com perfeição poética; Mme. De Sérvigné transcreve em suas fúteis “Lethres” os costumes do século; Nicolas Boileau-Despréaux codificou a doutrina poética clássica em sua famosa “Art Poétique”.

François de Salignac de la Mothe-Fénelon (1651-1715) escreveu com agradável fluidez de estilo sua obra-prima “Telémaque” e Jean de la Bruyére (1645-1691) retratou com maestria a sociedade em que viveu em seu livro “Les Caracteres”. O duque de Saint-Simon (1675-1742), Bernard Le Bovier de Fontenelle (1657-1757) e Pierre Bayle (1647-1706) encerram o século XVII e anunciam nova era para a literatura. Saint-Simon, uma das influências iniciais do movimento socialista, escreveu “Memoires” e “Systéme Industriel”, no qual defende a reorganização da sociedade pela aplicação de conhecimento científico e prega a união entre a burguesia e a realeza; Fontenelle também exalta o progresso da ciência e o divulga para as grandes camadas da população através de suas obras “Entretiens sur la Pluralité des Mondes” e “Éloges des Académiciens”; Pierre Bayle notabilizou-se pela defesa da liberdade de pensamento e pela divulgação das ideias do Iluminismo, bem como pela autoria do “Dictionnaire Historique et Critique”, de profunda influência para a afirmação das novas ideias.

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 40/42. 

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 08.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 08

LITERATURA FRANCESA

(Continuação do post anterior)

Orientação diversa do grupo de Plêiade é concretizada por dois autores que se aproximam do espírito renascentista de Erasmo: Rabelais e Montaigne. François Rabelais (1490-1553), poeta pleno de humor e de irreverência, exerce profunda influência sobre a literatura francesa que lhe é posterior, embora tenha sido até hoje reformulada a visão das diferentes épocas: quando as puritanas condenam o que consideram brutalidade de crítica; quando conservadoras, seu espírito crítico e de irreverência. O incontestável é seu valor evidenciado nas aventuras dos heróis Pantagruel, Gargântua e Panúrgio e no seu amor combativo pela justiça, pela cultura e, sobretudo, pela humanidade. Michel de Montaigne (1533-1592) representa a interiorização do anseio pela liberdade e pelo individualismo que não se exterioriza violentamente como em d'Aubigné e em Rabelais, mas, que, cultuando a Razão e a análise paciente e prudente, busca as bases objetivas para concretizá-lo. Suas meditações e comentários estão reunidos com simplicidade de estilo e veemência em seus “Essais”. A expressão literária não-cristã de Motaigne eclodirá, posteriormente, com Helvétius e Voltaire.


Século XVII

O século XVII será completamente diferente do anterior ao substituir a indisciplina e o pensamento combativo do século XVI por realizações disciplinadas e formalistas. Histórica e socialmente, a morte de Henrique IV assinala a pacificação aparente dos conflitos políticos, religiosos e sociais e a tarefa fundamental do governo em reforçar seu poder e reforçar a unificação.

A ordem, a calma e a frieza do “bom” burguês são os ideais de um dos principais escritores do século: Malherbe. François de Malherbe (1555-1628) é poeta (odes, sonetos, epigramas e paráfrases de salmos) e gramático, que prega a depuração da língua e transcreve em versos formalmente elegantes suas emoções superficiais. O combate aos neologismos, empréstimos dialetais e eruditos é continuado por Jean Louis Guez de Balzac (1594-1654) que escreveu “Lettres”,”Socrate chrétien” e “Aristippe”.

Opondo-se ao intransigente combate pela pureza da língua, Théophile e Saint-Amant defendem a plena liberdade de expressão, mas, a língua literária seguirá os cânones preconizados por Malherbe. Esta direção muito deve a Claude Favre de Vaugelas (1585-1650) e a Richelieu que em 1635 funda a Academia Francesa. Vaugelas diretamente contribuiu para a consolidação do bom uso linguístico com sua obra “Remarques sur la langue Française”; a “Académie” o fez em obediência a seus objetivos fundamentais de conservar e preservar a língua, bem como de estabelecer as regras literárias e julgar as obras novas.

As ideias do grande filósofo francês René Descartes (1596-1650) – dentre as quais, as de individualismo, primazia do pensamento e do bom senso, justo equilíbrio – exercem profunda influência sobre os escritores. Descartes elevou o francês à dignidade de língua capaz de expressar pensamentos filosóficos. Escreveu em francês: “Discour de la Methode”, “Traité de Passions de l'Ame” e Méditations Métaphysiques”. O justo equilíbrio foi mantido no pensamento religioso através do orador sacro Jacques Bénigne Bossuet (1627-1704), autor de aproximadamente duzentos sermões, dos quais apenas um publicado em vida. Bossuet escreveu, entre outros livros, as seguintes obras: “Traité de la Connaissance de Dieu e de soi-même”, “Logique” e “Politique tirée de l'Ecriture Sainte”.

Nicolas de Malebranche (1638-1715), filósofo, foi discípulo de Descartes, porém, cometeu a heresia do ocasionalismo. De suas obras merecem citação: “Méditations chrétiennes et métaphysiques” e “Recherche de la Vérité” – nesta última, aponta os perigos de uma razão livre.

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 39/41.

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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 07.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 07

LITERATURA FRANCESA

O extraordinário processo de centralização política que se desenvolveu na França, contribuiu poderosamente para a predominância do franciano, dialeto da ilha-de-França, como língua de expressão nacional. Consequentemente, ocupa a literatura francesa a posição especial de ser portadora de formas literárias persistentemente unidas à expressão da vida nacional. Sempre que esta literatura se encerra no ambiente de um círculo restrito (poesia palaciana, literatura religiosa, literatura pura, neoclassicismo etc.) há um movimento de reavivamento do diálogo com a tradição popular.

A tradição francesa medieval é levada a seu clímax com o primeiro grande lírico que é François Villon (aproximadamente 1431-1489) e por ele encerrada. Villon anuncia a literatura francesa moderna e afirma-se progressistamente em seu rompimento com a ordem estabelecida ao apresentar a pessoa humana que se reconhece como livre e autônoma e, portanto, que prefere a análise lúcida à obediência e ao conformismo e desenvolve o valor humano da revolta.

Embora Villon seja sempre reencontrado nos séculos posteriores e sua importância cresça constantemente, viveu marginalizado pela sociedade de seu tempo. A literatura oficial do século de Villon estimava os poetas retóricos de côrte, hábeis em apresentar poeticamente a futilidade.

O rompimento com a arte medieval pode também ser descoberto em Clément Marot (1496-1544), poeta de corte que conseguiu reunir a seu redor um grupo significativo de outros poetas. Esta escola de elegância maronista foi reavaliada no século XX com o retorno de Maurice Scève (… - 1562) e Louise Labbé (1526-1566) cujas obras revelaram-se portadoras de ampla significação. Há, ainda, que destacar Bonaventure Despériers (… - 1544) autor de Novas Recreações e de Joviais Orçamentos, que une o Decamerão à tradição gaulesa.

Agrippa d'Aubigné (1550 – 1630) apresenta um não-conformismo pleno de agressividade que muito se assemelha ao que encontramos por detrás da aparente despreocupação de Marot. Agrippa d'Aubigné foi, inicialmente, um afetado poeta humanista, mas, evoluiu para uma participação corajosa contra a intolerância religiosa, a inutilidade da guerra e a libertinagem dos príncipes. A obra deste autor huguenote – Les Tragques, Mémoires e Pamphlets – é excelente pela fertilidade de imaginação e pelo incomparável vigor de um realismo descritivo. É autor, também, do romance satírico “Les Aventures du baron de Faeneste”, no qual violentamente combate o governo de Maria de Médicis.

Em 1594 é publicada a “Satire par la Défense et Illustration Menippée”, escrita por seis burgueses: Rapin e Passerat (ambos poetas), Jacques Gillot, Florent Chrestien, Pithou e Lery (idealizador e organizador da sátira à Liga Católica do Duque de Guise).

A influência renascentista será afirmada esteticamente pelo chamado grupo da Plêiade no qual se destacam Ronsard e Du Belay, e que é completado por Jodelle, Remi Belleau, Pontus de Thyard, Du Da'fe Daurat. Reunidos pela primeira vez em 1548, publicaram seu manifesto estético de retorno às inspirações greco-latinas no ano seguinte. Este manifesto, “Défense et Illustration de la Langue Française”, foi escrito por Joachim du Bellay e codifica magnificamente os ideais do grupo. Du Bellay (1525-1573) é autor de “Regrets”, caracterizado pela melancolia, suavidade e sátira social. Du Bellay foi o primeiro poeta a dar forma artística do soneto francês e a divulgá-lo. Pierre Ronsard (1524-1585) – autor de “Odes 3 Amours”, “Continuation des Amours”, “Discours” e “Amours d'Hélène” – reafirma o tom fundamental do lirismo francês. A realização literária dos ideais de Plêiade alcança os palcos teatrais, principalmente através de Etienne Jodelle, autor da primeira tragédia e da primeira comédia na literatura francêsa. Jodelle escreveu a comédia “”Eugène ou la recontre” e a tragédia “Cleópatre”. Embora “Cleópatre” seja cronologicamente a primeira tragédia em língua francesa, sob o ponto de vista de gênero literário esta primazia cabe a “Juives”, obra-prima de Robert Garnier (1535-1601).

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 37/39.

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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 06.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 06

LITERATURA MEDIEVAL EUROPEIA

(Continuação)

A “Canção de Roland”, chanson de geste que chegou a nós, serve mais tarde como obra-prima de Ariosto: Orlando Furioso. É poesia épica com “matéria carlovíngia” por ser romance métrico que desenvolve temas da corte de Carlo Magno, pois a ela pertence o cavaleiro Rolando. Problemas semelhantes aos de Ilíada e Odisséia, são colocados quando consideramos sua composição: obra de um só autor como o estabelece a tradição segundo a qual é atribuída a Turoldus, trovador normando ou transcrição de poemas anteriores referentes a um mesmo ciclo novelesco? Embora não seja possível estabelecer provas definitivas, a última hipótese é bem mais provável.

Ao longo das rotas de peregrinações nascem inúmeras obras que indicam o início do desenvolvimento de uma literatura francesa. Estas notas servem como centro de comunicação coletiva através dos quais se propagarão os grandes mitos populares comuns a diversos povos europeus que os séculos posteriores reuniram em tradições. Nas rotas de peregrinação nascem obras de edificação religiosa, contos burlescos e epopéias. Da tradição flamenga foi composto em francês o Romance da Raposa no século XIII. Que, como Fabliau, não pretende criticar indiretamente a vida dos homens com as fábulas de Esopo ou as de la Fontaine.

A partir do século XII surge em terras da Bretanha uma literatura palaciana. São representantes máximos da tradição palaciana Thomás, autor de Tristão e Isolda – desenvolvimento de ciclo germânico, e Chrétien de Troyes, autor de romances em versos com temas de amor em ambientes épico, dentre os quais, Yvain e Percival. Simultaneamente, ao sul do Loire, no Languedoc, desenvolve-se uma literatura trovadoresca que renova a expressão lírica. Trovadores como Arnault, Daniel, Bretrand de Born, Bernard de Vendadour e Guirault de Borneil criam uma verdadeira mística do amor e da mulher. Os quadros dentro dos quais se desenvolveu a lírica trovadoresca pertenciam a civilização herética albigense, destruída pela brigada comandada por Simão de Montefort que obedecia a decreto do Papa Inocêncio III.

A enciclopédia “O Tesouro”, escrita em provençal, foi escrita no início do século XIII por Latini, mestre de Dante. Aliás, Dante expressou-se também em provençal antes de consagrar-se a sua obra em italiano, que seria o fundamento da língua e da poesia italianas. Rusta de Pise redigiu o “Livro das Maravilhas de Marco Polo” e romance de cavalaria que gozaram de imensa popularidade nos “salões” da Itália. Villehardouin (1150-1212) e Joinville (1224-1317) redigiram, respectivamente, a Conquista de Constantinopla pela IV Cruzada e a Vida de São Luís. Estes cronicões, que anunciam os modernos compêndios de história foram redigidos em língua romana.

O reaparecimento da poesia lírica pode ser marcado pelos poemas de Rutebeuf (Século XIII), antecessor próximo de Villon. O “Romance da Rosa”, cuja primeira parte foi escrita na primeira metade do século XII por Guillaume de Lorris e cuja segunda parte surgiu na segunda metade do mesmo século com redação de Jean Meung, (perpetua a tradição do amor cortês). O “Romance de Rosa” é a principal manifestação da poesia alegórica, forma literária aristocrática resultante da influência escolástica sobre a poesia cortês.

Jehan Froissart (século XIV) apresenta em seus romances e poemas ingênuos quadros da vida de seu tempo, que se destacam, no entanto, pelo detalhismo e pelos pitorescos. Charles d'Orléans (1391-1465) continua o lirismo de Rutebeuf, porém, com mais modernismo no caráter pessoal. François Villon (1431-aproximadamente 1489) continuará esta tradição e inaugurará a moderna literatura francesa.

Na Itália a literatura provençal encontra na situação siciliana, sob notável progresso político-social do reinado de Frederico II, as condições perfeitas para grande florescimento. No fim do século XIII a Toscana serviria de solo para o desenvolvimento do “dolce stil nuovo” representado por Guido Cavalcanti (1250-1300) e Guido Guinicelli. Também Dante Alighieri (1265-1321) inscreve-se com Vita Nuova, reunião de poesia e prosa em língua falada, nesta tradição de platonismo e mística do amor. Dante marcaria o início da literatura italiana ao conferir primazia ao toscano e assim elevá-lo à condição de idioma literário nacional. As novas tradições firmaram-se também na Europa germânica a partir do século X-XI. Nos países nórdicos surge a poesia de côrte e são escritas em prosa as narrações heroicas conhecidas como sagas. Na Islândia são transcritas as velhas lendas locais denominadas os edda que, posteriormente, foram completados pela prosa de Snorri Sturlusson.

A tradição provençal alcança a Inglaterra através de Geoffrey Chaucer (1340-1400) que traduziu o “Romance da Rosa” e que transpôs com originalidade notável a inspiração de Bocacce. Chaucer consegue síntese literária das tradições celtas, germânicas e romanas. Notabilizado por sua obra “Canterbury Tales”, G. Chaucer é considerado simultaneamente iniciador do realismo e da literatura inglesa.

Na Alemanha presenciamos o notável desenvolvimento da temática dos cantores do amor (Minnezangers) que, a partir da tradição, progressivamente reformulam com originalidade o fundo germânico local. Este desenvolvimento abrange também a passagem do caráter popular inicial ao lirismo palaciano de inspiração provençal franco-italiana. Reinmar von Haguenau (aproximadamente 1200) e Walter von dar Vogelweide (aproximadamente 1170-1230) são os autores que elevam o lirismo amoroso germânico a alturas sugestivas. Paralelamente é elaborada a literatura épica germânica de caráter cortês, com o “Persival” de Wolfram von Eschenbach, ou de caráter popular e amplitude nacional como o “Canto dos Nibelungen”. Esta tradição épica popular é acentuadamente trágica.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 34/37.

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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 05.



HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 05

A ORATÓRIA ROMANA

Embora imensamente importante, a oratória nem sempre, devido ao seu caráter predominantemente oral, consegue chegar aos registros da linguagem artística.

Pode-se apenas apreciar Cícero (Marco Túlio Cícero – 103-43 a.C.) cujas obras essenciais conseguiram sobreviver, atingindo influência excepcional. Suas célebres Catilinárias descrevem como perigosa conspiração que poderia provocar a destruição social de Roma a tentativa progressista de Catilina no sentido de reformular a ultra-conservadora estrutura sócio-econômica do império. Legou-nos vasta obra que pode ser classificada em tratados de retórica (De Inventione, De Oratore, Brutus etc.), 14 discursos e diversas cartas, tratados de política e de divulgação filosófica (De república, De Legibus etc.). Seu epistolário é sumamente agradável e elucidativo da vida romana.

Como estilista exerce influência constante sobre a posteridade que busca reproduzir sua pureza, vigor e riqueza expressiva.


A LITERATURA CRISTÃ INICIAL

A primeira língua que serve para a transmissão e divulgação do cristianismo é a grega. Nela foi elaborada a versão de Alexandria que introduziu a Bíblia ao mundo não-semita. Paulo, apesar de cidadão romano, redigiu suas epístolas em língua grega.

Também em grego foram travados os primeiros debates teológicos, redigidas as primeiras controvérsias entre pensadores cristãos e não-cristãos e compostas as primeiras apologias da religião nova. Paralelamente, iniciava-se uma literatura cristã em latim. Uma refutação ao filósofo não-cristão Celso foi escrita por Orígenes de Alexandria (187-254). No século III, um grego anônimo compôs uma Exortação aos Gregos, que embora curiosa é notável pelo grau de erudição que revela.

Uma Apologética com o objetivo de convencer os magistrados romanos a não mais perseguirem os adeptos da nova religião marca o aparecimento do primeiro apologista que se expressa na literatura latino-cristã: Tertuliano (160-240).

São Jerônimo (331-420), profundo conhecedor do grego e do hebraico, traduziu para o latim a Bíblia conhecida como versão Vulgata. Em sua abundante correspondência transparece sua natureza que embora generosa revela-se também enérgica e agressiva. É autor de numerosas crônicas e homílias. A Igreja considera-o santo patrono dos tradutores e dos escritores.

Santo Agostinho (354-430) é o mais atraente autor da literatura latino-cristã. Esforçou-se em elaborar uma síntese entre o pensamento platônico e a teologia cristã em sua célebre “De-Civitate Dei”. O desenvolvimento do pensamento cristão tem sido no sentido de exaltar crescentemente o êxito do agostinismo. Literariamente sobreleva-se sua obra “Confissões” na qual inaugura uma literatura pessoa de introspecção e de preocupações existenciais.


LITERATURA MEDIEVAL EUROPEIA

Inicia-se a idade média com a cisão oficial do império romano em 395 em Ocidental romano e Oriental bizantino e posterior aniquilamento do primeiro sobre pressão dos bárbaros (476). Seu final é marcado pelo desaparecimento do império do Oriente com a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1495.

A partir do século VIII o latim não consegue sobreviver a não ser como veículo de expressão religiosa e erudita. O povo, que não mais compreende o latim de Cícero, elabora nova tradição e constitui as novas línguas que formarão a Europa moderna. Também o mesmo ocorre no império Oriental no qual a separação e isolamento dos intelectuais seria expressa pelo conceito de bizantinismo que acompanharia a classificação deste diletantismo erudito afastado da realidade.

O primeiro texto de importância em latim vulgar, ou propriamente em francês, é a proclamação de Lotário “Juramentos de Estrasburgo” que pronunciou em 842 quando em guerra de disputa com os demais netos de Carlos Magno: Luís, o germânico e Carlos, o calvo.

Um século após, poemas religiosas são traduzidos em língua romana: “Cantilena de Santa Eulália”. Ensaio original é constituído pela breve narração que, embora ingênua, procura alcançar clareza e exatidão estilísticas: os trezentos versos conhecidos como “Vie de Saint Léger”. Em 1080 é elaborada a célebre “Canção de Roland”, primeiro texto literário valioso da literatura neolatina. Observe-se, novamente, a precedência da linguagem poética sobre a prosaica.

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 32/34. 

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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Literatura ocidental - Parte 04.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 04

LITERATURA LATINA

A importância extraordinária que assumiu em Roma a língua grega como meio natural de expressão artístico-cultural fez da literatura latina às vezes pura imitação do clássico grego, outras vezes obscurecem sua importância quando comparada ao esplendor heleno.

Imitação dos gregos foram as populares comédias de enredo cujos autores principais são Plauto e Terêncio (250-184); (194-154). É conhecido o autor grego Menandro através das imitações de Plauto.

Criação autenticamente latina é a sátira moral e social, iniciada por Caio Lucílio (149-103), continuada por Perseu (34-62) e levada à perfeição por Juvenal (60-140).


POESIA LATINA

O século I a.C. anuncia o aparecimento das formas próprias e originais da poesia latina.

Lucrécio (98-55) conseguiu comunicar poeticamente filosofia e didática com vigor e harmonia em “De Rerum Natura”. Sua filosofia pode ser classificada como materialismo afirmativo ao desenvolver o princípio da possibilidade de progressivamente atingir o conhecimento das verdadeiras e exclusivas causas de maneira a reduzir, ou mesmo eliminar, o mistério e a ignorância. Nos seis cantos de sua exposição poemática da filosofia epicurista afirma, ainda, a possibilidade de que o homem que por ela determine sua vida obtenha o equilíbrio dos prazeres e a serenidade da alma.

Virgílio (Publius Virgilius Maro – 71-19), excelente na apresentação das paixões humanas, notabilizou-se com a composição da “Eneida”, na qual une poeticamente a história romana aos grandes arquétipos sacros da Ilíada e da Odisséia. Escreveu, ainda, as Bucólicas e as Geórgicas, caracterizada pela perfeição estilística.

Ovídio (Publius Ovidius Naso – 43 a.C. - 18 a.C.) escreveu as famosas Metamorfoses e a Arte de Amar. As Metamorfoses, manual versificado da mitologia grega completada pelos romanos, pode ser considerado marco da tradição de que os mitos constituem apenas repositória das paixões e da sabedoria humanas, sem conteúdo divino. É perfeita sua espontaneidade e elegância de estilo e excedente seu domínio da poesia elegíaca. Como poetas líricos merecem destaque inicial Catulo e Tíbulo. (87-52 a.C.; 50-19 a.C.) Catulo é o primeiro poeta latino original nesta poesia de expressão pessoal. Pertence ao chamado grupo de poetae novi, caracterizados pela busca da perfeição formal. Seus poemas são consagrados a seu amor por Lésbia.

Tíbulo reelabora num mundo poético elegíaco a realidade da natureza, do amor, do culto da vida e do horror à guerra e à morte.

Horácio (Quintus Horatius Flaccus (65-8 a.C.) é o primeiro escritor que se afirma testemunha de seu tempo e defensor dos valores ocidentais. Escreveu Sátiras e Epístolas, com a famosa Arte Poética.

Prosadores

A parte mais sólida e substancial da literatura latina é constituída por seus prosadores. Que, à semelhança do que ocorria na literatura grega, não eram considerados artistas.

Os historiadores latinos elaboraram o conceito exclusivista de “civilização”, em que se define o homem e a universalidade a partir apenas da experiência ocidental, o que se explica pelas condições do império romano centralizado em uma única cidade. Júlio César (100-44 a.C.), perfeito na concisão de estilo e pela vivacidade de narrativa, é o primeiro historiados latino. Escreveu os relatos de campanhas por ele empreendidas: Commentari de Bello Gallico e Commentari de Belo Civili, que apresentam não apenas anotações tomadas em plena campanha, mas, também suas justificativas pessoais e sua propaganda.

Com Salústio (87-35 a.C.) a história, até então revelação, aparece como explicação das causas e efeitos. Não enumera fatos, coloca-os num conjunto coerente objetivamente composto. Sobrevivem suas obras sobre a conspiração de Catilina e sobre a guerra de Roma contra Jugurta, rei de Numídia.

O maior historiador da época literária de Augusto foi Tito Lívio (59 a.C.-17 a.D.). Seu estilo eloquente é caracterizado pelo interesse dramático. Suas frases são amplificadas à Cicero. Sua história, que pretendia contasse com 150 livros, compôs-se de 142, dos quais apenas 35 chegaram à posteridade. Sua história é de insatisfação em relação ao presente “decadente”.

Tácito (54-120 a.D.) é mais comentarista político do que historiador propriamente. Restringe a história aos simples relatos e ideologia políticas. Escreveu “Anais” e “Histórias”.

Quinto Cúrcio inaugura romance histórico ao narrar a vida de Alexandre Magno. Tendo vivido no século primeiro de nossa era apresenta o conquistador que levou o helenismo à Ásia e trouxe influências orientais ao mundo grego transformado em autêntico herói lendário.

Suetônio (75-160) inicia a micro história com seu livro “Doze Césares”, repleto de todos os detalhes que pode compilar como bibliotecário imperial.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 30/32.

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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Literatura ocidental - Parte 03.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 03

A IDADE DA POESIA LÍRICA

As condições sociopolítico-econômicas que se constituem a partir do século VIII e chegam até o século V a.C. proporcionam maior estabilidade a sociedade grega e desenvolvem a noção dos direitos das comunidades e dos indivíduos. O centro de interesse fundamental não mais é organizado em sínteses mitológicas, mas, concentrado no próprio homem, o que fornece propício terreno para pleno desenvolvimento do lirismo.

Existem dois grandes tipos de poesia lírica: o canto coral e a monódia. Procedendo do canto popular, apresentava a monódia texto e música mais simples que o canto coral e era caracterizada pelo melancólico. Pode ser considerada como ancestral da moderna ópera.

Novo lirismo de profunda expressão pessoal e autenticamente literário nasce com Arquiloque de Paros (século VII) que, numa linguagem simples quase coloquial, fala em termos subjetivos do amor por uma jovem que não desposou e da guerra que mutila sua existência.

As duas mais importantes personalidades do lirismo grego foram Safo, autora de numerosas canções, epitalâmios, hinos e elegias; e Píndaro, criador da Ode e estilista brilhante, imaginoso e de rara vivacidade.



A TRAGÉDIA E A COMÉDIA

São imensamente importantes os nomes de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, pois determinaram a evolução do teatro e fornecem a constante fonte de mitos e arquétipos que recorrerão em toda a literatura ocidental posterior. Devem ser acrescentados, embora em plano não tão elevado, os nomes de Aristófanes e Meandro. Ésquilo (525-456) baseia suas peças em motivos épicos da Grécia e concebe o drama como fator de unidade nacional. Restam de suas 70 tragédias e 20 dramas as seguintes peças: Agamenon, As Suplicantes, Os Sete contra Tebas, Prometeu Acorrentado, Os Persas, Coéforas. Sua tragédia, lírica por excelência, é caracterizada pela violência de sentimentos e pela presença toda poderosa do Destino. É suprema a importância dos coros.

Sófocles (496-405), autor de Antígona, Ajax, Édipo em Colona, Édipo Rei, Filoctetes e Traquinianas – ultrapassa a realidade humana pela predominância do ideal e apresenta ação mais complexa e desenvolvida de Ésquilo.

Eurípedes (480-406) apresenta a máxima fidelidade possível ao real em suas peças, das quais destacamos: Hipólito, Ifigênia em Táurida, Ifigênia em Áulida, Medéia e, como obra-prima, Baco. Seu tema principal é o amor.

Na comédia, destacam-se Aristófanes (445-338), excelente na sátira político-social, e Menandro, que se dedica à crítica ao homem em geral. São obras de Aristófanes: As Rãs, As Nuvens e Os Pássaros; de Menandro restam-nos apenas fragmentos de obras da Comédia Nova, como A Arbitragem.


Prosadores

Obras em prosa – tais como, narrativas históricas, discursos, romances e diálogos – não empregavam a língua literária e sim a língua comum de propósitos utilitários, motivo pelo qual não eram consideradas pertencentes à expressão propriamente artística.

Desde o século VI a.C. surgem historiadores que, por não diferenciarem dos fatos que observavam em suas cidades o natural do maravilhoso, devem, preferencialmente, ser classificados como logógrafos. Dois nomes conservados são os de Cadmos e Acusilaos. O primeiro escreveu “Fundação de Mileto”, “Acusilaos”, “Genealogias”. A primeira tentativa de separar o histórico do lendário foi empreendida por Hecateu de Mileto em seu livro “Genealogias” O mesmo prosador tem também o mérito de ser um dos fundadores da Geografia com seu livro “Volta ao Mundo”. Esta tradição de primeiros historiadores é encerrada com o aparecimento do primeiro historiador no sentido moderno de uma ciência que abrange não apenas o povo, mas, pretende uma visão quase universal e que procura a objetividade da pura pesquisa. Sua grande obra é “Investigações”. Em seus esforços para apresentar países e seus habitantes, Heródoto viaja a vários países e seus relatos inauguram o moderno jornalismo. Sua obra é escrita em dialeto jônio com imensa simplicidade de estilo e clareza.

Novo progresso aos estudos históricos, no sentido em que os concebem o classicismo latino e o humanismo ocidental, surge com Tucidides (460-395). É excelente na crítica de fatos, na interpretação de documentos e na análise do caráter dos povos. Escreveu “Guerra do Peloponeso”. Se Heródoto apresentou aspectos de jornalismo de viagens e descrições de costumes, Tucídides conseguiu artisticamente compor reportagens de guerra. Simplicidade, clareza, vivacidade e precisão de estilo caracterizam a obra do historiador seguinte: Xenofonte (430-355). Em “Memorabilia” apresenta Sócrates em descrições plenas de humanidade e em “Anábase”, o vivo relato da retirada dos dez mil gregos com a autoridade de quem a comandou como general. É necessário citar ainda o historiador Plutarco(50-125) cujos temas não são exclusivamente gregos pois em “Vidas Paralelas” compara sempre um herói grego a um romano. O mérito de Plutarco alcança níveis culturais que o destacam em nossa época tanto em suas narrações de real talento como na compreensão do caráter humano.

Literatos podem ser considerados também os filósofos Platão (429-347), Aristóteles (384-322), Zenão (336-264), Epicuro (324-270), Epiteto (40-121) e o imperador romano de expressão literária grega Marco Aurélio (122-180).

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 27/30. 

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