HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 03
A IDADE DA POESIA LÍRICA
As condições sociopolítico-econômicas que se constituem a partir do século VIII e chegam até o século V a.C. proporcionam maior estabilidade a sociedade grega e desenvolvem a noção dos direitos das comunidades e dos indivíduos. O centro de interesse fundamental não mais é organizado em sínteses mitológicas, mas, concentrado no próprio homem, o que fornece propício terreno para pleno desenvolvimento do lirismo.
Existem dois grandes tipos de poesia lírica: o canto coral e a monódia. Procedendo do canto popular, apresentava a monódia texto e música mais simples que o canto coral e era caracterizada pelo melancólico. Pode ser considerada como ancestral da moderna ópera.
Novo lirismo de profunda expressão pessoal e autenticamente literário nasce com Arquiloque de Paros (século VII) que, numa linguagem simples quase coloquial, fala em termos subjetivos do amor por uma jovem que não desposou e da guerra que mutila sua existência.
As duas mais importantes personalidades do lirismo grego foram Safo, autora de numerosas canções, epitalâmios, hinos e elegias; e Píndaro, criador da Ode e estilista brilhante, imaginoso e de rara vivacidade.
A TRAGÉDIA E A COMÉDIA
São imensamente importantes os nomes de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, pois determinaram a evolução do teatro e fornecem a constante fonte de mitos e arquétipos que recorrerão em toda a literatura ocidental posterior. Devem ser acrescentados, embora em plano não tão elevado, os nomes de Aristófanes e Meandro. Ésquilo (525-456) baseia suas peças em motivos épicos da Grécia e concebe o drama como fator de unidade nacional. Restam de suas 70 tragédias e 20 dramas as seguintes peças: Agamenon, As Suplicantes, Os Sete contra Tebas, Prometeu Acorrentado, Os Persas, Coéforas. Sua tragédia, lírica por excelência, é caracterizada pela violência de sentimentos e pela presença toda poderosa do Destino. É suprema a importância dos coros.
Sófocles (496-405), autor de Antígona, Ajax, Édipo em Colona, Édipo Rei, Filoctetes e Traquinianas – ultrapassa a realidade humana pela predominância do ideal e apresenta ação mais complexa e desenvolvida de Ésquilo.
Eurípedes (480-406) apresenta a máxima fidelidade possível ao real em suas peças, das quais destacamos: Hipólito, Ifigênia em Táurida, Ifigênia em Áulida, Medéia e, como obra-prima, Baco. Seu tema principal é o amor.
Na comédia, destacam-se Aristófanes (445-338), excelente na sátira político-social, e Menandro, que se dedica à crítica ao homem em geral. São obras de Aristófanes: As Rãs, As Nuvens e Os Pássaros; de Menandro restam-nos apenas fragmentos de obras da Comédia Nova, como A Arbitragem.
Prosadores
Obras em prosa – tais como, narrativas históricas, discursos, romances e diálogos – não empregavam a língua literária e sim a língua comum de propósitos utilitários, motivo pelo qual não eram consideradas pertencentes à expressão propriamente artística.
Desde o século VI a.C. surgem historiadores que, por não diferenciarem dos fatos que observavam em suas cidades o natural do maravilhoso, devem, preferencialmente, ser classificados como logógrafos. Dois nomes conservados são os de Cadmos e Acusilaos. O primeiro escreveu “Fundação de Mileto”, “Acusilaos”, “Genealogias”. A primeira tentativa de separar o histórico do lendário foi empreendida por Hecateu de Mileto em seu livro “Genealogias” O mesmo prosador tem também o mérito de ser um dos fundadores da Geografia com seu livro “Volta ao Mundo”. Esta tradição de primeiros historiadores é encerrada com o aparecimento do primeiro historiador no sentido moderno de uma ciência que abrange não apenas o povo, mas, pretende uma visão quase universal e que procura a objetividade da pura pesquisa. Sua grande obra é “Investigações”. Em seus esforços para apresentar países e seus habitantes, Heródoto viaja a vários países e seus relatos inauguram o moderno jornalismo. Sua obra é escrita em dialeto jônio com imensa simplicidade de estilo e clareza.
Novo progresso aos estudos históricos, no sentido em que os concebem o classicismo latino e o humanismo ocidental, surge com Tucidides (460-395). É excelente na crítica de fatos, na interpretação de documentos e na análise do caráter dos povos. Escreveu “Guerra do Peloponeso”. Se Heródoto apresentou aspectos de jornalismo de viagens e descrições de costumes, Tucídides conseguiu artisticamente compor reportagens de guerra. Simplicidade, clareza, vivacidade e precisão de estilo caracterizam a obra do historiador seguinte: Xenofonte (430-355). Em “Memorabilia” apresenta Sócrates em descrições plenas de humanidade e em “Anábase”, o vivo relato da retirada dos dez mil gregos com a autoridade de quem a comandou como general. É necessário citar ainda o historiador Plutarco(50-125) cujos temas não são exclusivamente gregos pois em “Vidas Paralelas” compara sempre um herói grego a um romano. O mérito de Plutarco alcança níveis culturais que o destacam em nossa época tanto em suas narrações de real talento como na compreensão do caráter humano.
Literatos podem ser considerados também os filósofos Platão (429-347), Aristóteles (384-322), Zenão (336-264), Epicuro (324-270), Epiteto (40-121) e o imperador romano de expressão literária grega Marco Aurélio (122-180).
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 27/30.
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