Camões lendo Os Lusíadas
HISTÓRIA DA LITERATURA
MUNDIAL
LITERATURA PORTUGUESA –
PARTE 17
Luís Vaz de Camões é o
grande poeta épico de Portugal. Também não se sabe quando nasceu,
nem em que lugar. Mas sabe-se que era filho de uma família pequeno
nobre, que estudou muito, que seguiu a carreira militar (perdeu um
dos olhos nas lutas dos portugueses na África), que teve uma vida
aventurosa e que morreu em Lisboa, em 1580.
A sua obra principal é Os
Lusíadas (= os Lusitanos), um extenso poema épico em que Camões
canta as glórias do povo português, traduzidas especialmente pela
viagem de Vasco da Gama ao Oriente. A influência dos autores
clássicos – uma das características dos escritores humanistas
renascentistas, como dissemos – é manifesta nos Lusíadas: Homero
(Ilíada e Odisséia), Ovídio (Metamorfoses), Petrarca (Os Triunfos)
e Virgílio (Eneida), especialmente deste último. Ao mesmo tempo que
é um poema épico, porque canta as glórias do seu povo do primeiro
ao último verso, Os Lusíadas também são um poema profundamente
lírico e humano porque cantam as paixões humanas na luta do homem
contra a natureza ou contra outros homens. Eis alguns exemplos:
No
mar, tanta tormenta e tanto dano,
Tantas
vezes a morte apercebida/
Na
terra, tanta guerra, tanto engano,
tanta
necessidade aborrecida!
Onde
pode acolher-se um fraco humano,
Onde
terá segura a curta vida,
Que
não se arme e se indigne o céu sereno
Contra
um bicho da terra tao pequeno?
(Canto
I, 106)
Não mais, Musa, não mais que a lira tenho
Destemperada
e a voz enfraquecida,
E
não do canto, mas de ver que venho
Cantar
a gente surda e endurecida...
(Canto
X, 145)
Todavia, não é nos Lusíadas
que o cantar lírico da Camões se faz sentir em toda sua plenitude,
mas nas Redondilhas e Sonetos. Vejam, desse lirismo, dois exemplos
bastante conhecidos, em versos de uma beleza sem par, dos mais belos
da língua portuguesa. No primeiro, o Poeta canta o amor; no segundo,
chora a amada que partiu para sempre e o deixou aqui “na Terra,
sempre triste.” (Obras Completas de Luís de Camões, Livraria Sá
da Costa, Portugal, com prefácio e notas explicativas do Prof.
Hernani Cidade.)
Amor
é fogo que arde sem se ver;
É
ferida que dói e não se sente;
É
um contentamento descontente;
É
dor que desatina sem doer.
Etc.
Alma
minha gentil que te partiste,
Tao
cedo deste mundo descontente,
Repousa
lá no céu eternamente,
E
viva eu cá na Terra sempre triste.
Etc.
Além de poeta épico e
lírico, Camões também se dedicou ao teatro. São conhecidas três
peças suas, todas elas uma miscelânea de teatro clássico e de
teatro popular: Anfitriões, El-Rei Selêuco e Filodemo, mas o seu
teatro nem de longe se compara à sua poesia.
Obs: Com relação as
informações históricas e geográficas contidas neste post, favor
considerar a época da edição do livro/fonte.
Fonte: “Os Forjadores do
Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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