GRANDES
VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
JOSÉ
CARLOS DO PATROCÍNIO – PARTE 03.
Quebradas
as resistências, num belo dia, o padrinho Ferreira de Araújo
dirigiu-se à Chácara de S. Cristóvão com a missão de oficializar
o namoro, oculto até então. O casamento não tardou e a data ficou
marcada por um incidente ocasionado pelo incorrigível Paula Nei que,
incumbido de levar as chaves de um sobradinho novo, onde os nubentes
iriam passar a lua de mel, esqueceu-as, causando enorme transtorno
aos recém casados, à vista dos convivas. O jovem par foi obrigado a
voltar para a chácara, onde um quarto improvisado, nos fundos, lhe
serviu para aquela primeira noite de núpcias. O fato não deixou de
ser observado pelo Capitão:
– Eu
não dizia! Este meu genro começa mal...”
De seu
casamento com Bibi, nasceram duas meninas, Marieta e Maina e três
rapazes, Tinon, Maceu e Zeca. Os primeiros mortos ainda na infância.
Apenas o Zeca – José do Patrocínio Filho – sobressaiu como
homem de talento, porém, estrina e dispersivo, não logrou perpetuar
sua memória a não ser por uma fantasia megalomaníaca com a espiã
Mata-Hari que, se não fosse a diplomacia brasileira, tê-lo-ia
conduzido ao cadafalso em Londres.
A
campanha abolicionista, a maior glória de José do Patrocínio,
começou, realmente, quando o mesmo, a 3 de agosto de 1880, pela vez
primeira, no recinto do Teatro S. Luís empolgou a multidão que o
lotava com sua oratória emotiva e dramática, arrancando aplausos e
lágrimas da plateia comovida. Repete-a a 15 e 22 do mesmo mês com
idênticas características que, mais tarde, a tornaram distinta das
demais pelo seu cunho de agitação de massas, capaz de demover
montanhas e arrastar consigo os corações de pedra que se deixavam
convencer pelos falsos argumentos escravagistas de que a escravidão
era uma necessidade econômica insubstituível e sua extinção
traria, como consequência, a ruína social completa e imediato
enfraquecimento da Pátria. Para Patrocínio “a escrevidão era um
roubo”, frase que se tornou, mais tarde, o slogan do “Clube
Abolicionista”.
Continua…
S. SILVA
BARRETO
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